Historia Política Latinoamericana

Historia Política Latinoamericana

Evaluación

Evaluación Historia Política Latinoamericana

1- Seleccione un texto bibliográfico y compárelo con el análisis realizado por Halperín Donghi. Delimite acercamientos y diferencias planteadas por los autores.

2- Seleccione un país (Exceptuando México, Brasil, Argentina y Venezuela) y realice un seguimiento desde su emancipación hasta su inserción al mercado internacional. Delimite: estructura económica, clases sociales y expresiones políticas en relación a cada período propuesto por Halperín Donghi.

Pautas para la presentación:

- Formato A4, Times New Roman 12 (título 14, citas 10), espacio 1,5, márgenes de 2 cm. Mínimo 4 páginas por item, máximo 6 (total 8 a 12 páginas).

Cierre:5 de mayo 19.30 hs

Presentación Oral

Historia Contemporánea de América Latina. Tulio Halperin Donghi

Historia Contemporánea de América Latina - Tulio Halperín Donghi

lunes, 30 de abril de 2012

Boris Fausto e a Revolução de 30


Boris Fausto e a Revolução de 30

                A década de 30 é divisora de águas no Brasil. Podemos assistir claramente durante o período a remodelação da economia frente às mudanças econômicas mundo afora e o início da consolidação de uma frente econômica baseada na indústria, que traz consigo a ascenção de um novo grupo social  que viria determinar, futuramente, os rumos econômicos de nosso país. Entender, entretanto, a conjuntura que envolve uma mudança tão significativa não é simples e nem poderia ser, pois deve-se associar a esta mudança uma desconjuntura gradual das forças políticas e o embate historiográfico, que tenta compreender e discutir quais elites ou grupos sociais realmente conseguem exercer algum tipo de influência no Estado.
            Sob este aspecto, o livro de Boris Fausto traz uma nova vertente para a compreensão do período, pois promove uma revisão dos conceitos e uma nova análise dos fatos que se sucederam anteriormente à Revolução de 30 e consequentemente o desenvolver da mesma.

 Uma Nova Análise

                Até meados da década de 70, o modelo historiográfico de compreensão da Revolução de 30 (através da análise da República Velha) baseava-se na tese de um embate de forças  entre a Aristocracia Cafeeira, o setor representante das heranças de um sistema agrário feudal, e a nova Elite Industrial, representantes do capitalismo imperialista que começava a vigorar após a Primeira Guerra Mundial, possuindo sua maior representação no estado de São Paulo. Boris Fausto promove uma revisão de tais modelos, procurando demonstrar que a Historiografia brasileira defendia até a década de 70 uma visão parcial e certamente deturpada dos fatos. Em seu livro, o autor demonstra que a dualidade Latifúndio-burguesia não corresponde exatamente a uma oposição fundamental: assim, o que assistimos é um rearranjo da política nacional sem o privilégio significativo desta ou de outra classe, que pudesse tomar para si o rumo político e econômico do país e comprometesse a influência das demais.
            A partir desse argumento, Fausto também defende que a influência das elites industriais paulistanas era restrita à época, pois estas não possuíam tamanha força e coesão capaz de promover um arranjo revolucionário que visasse desbancar a elite agrária. Muito pelo contrário. Analisemos o que o autor diz a respeito das indústrias na década de 20: “ a indústria se caracteriza nesta época, pela dependência do setor agrário exportador, pela insignificância dos ramos básicos, pela baixa capitalização, pelo grau incipiente de concentração[1].”  Fausto cita ainda que a agricultura exportadora era de muita expressão na economia brasileira anteriormente à Revolução bem como depois, pois mesmo no começo da década de 40 o setor primário de produção ainda era a base de sobrevivência de 65,1% da população. “ Do ponto de vista da estrutura social, se abandonarmos a imensa maioria de pequenos empresários, cujas atividades se assemelhavam muitas vezes às de um simples artesão, o setor que pode ser definido como burguês industrial, constituía uma faixa restrita do ponto de vista numérico mas significativo, capaz de expressar na esfera política, seus interesses específicos, junto aos centros de decisão. Entretanto, seus limites se revelam no alcance das reivindicações: se executarmos as propostas de Serzedelo Correia e Amaro Cavalcanti, que aliás, não podem ser considerados representantes políticos da burguesia industrial, esta não oferece qualquer programa industrialista, como alternativa a um sistema cujo eixo é constituído pelos interesses cafeeiros.[2]
            E os militares nessa história? Ao longo doa anos 20, formou-se uma corrente de caráter mais progressista no Exército brasileiro, formada por jovens oficiais que visavam, num desejo nacionalista, resgatar o país da República Velha e das estruturas oligárquicas. À importância esse movimento, chamado “Tenentismo” , Fausto dará sua contribuição, afirmando que para cumprir seu objetivo tentou várias alianças. Uma delas foi nos anos 20, com a pequena-burguesia da época (especialmente no movimento revolucionário de São Paulo, em 1924), que não vingou, mas trouxe à tona algumas proximidades de interesses entre as classes, como a defesa do voto secreto, das liberdades individuais e o nacionalismo difuso. O correto é o sentido que estas ações tenentistas assumem depois de 30, bem como sua posterior relação com a burguesia.
            Ao mesmo tempo que valoriza o papel dos militares no processo, Fausto desmistifica a representação das classes médias na Revolução. Seu surgimento como setor detentor de poder na classe governamental, em seu alto escalão, é muito posterior a 30. “ No contexto da sociedade Latino Americana, este momento é uma possibilidade histórica definitivamente liquidada.[3]” E em nenhum momento de seus argumentos aparece a evidente intenção de apoio aos revolucionários de 30 por parte da burguesia industrial: o que o autor observa são manifestos que evidenciam o apoio a chapa formada por Júlio Prestes, candidato da chapa governista.
            A Revolução de 30 não se caracterizou pela alteração das relações de produção na esfera econômica, nem mesmo pela substituição imediata de uma classe ou fração de classe na instância política, porque, para Fausto, estas não se alteraram. O colapso da hegemonia da elite cafeeira não conduz ao poder político outra classe ou fração de classe com exclusividade. Neste quadro, a revolução de 30 somente pode ser entendida com um olhar crítico e histórico sobre a década de 20, na qual o desequilíbrio que se revela no inconformismo das novas classes médias e sobretudo nas revoltas tenentistas ficam evidentes.
            O golpe da revolução foi tão forte que até o jogo de forças políticas mudou. Nos anos posteriores à adoção do novo regime, as classes médias não possuíam autonomia frente aos interesses tradicionais em geral e nem a elite cafeeira conseguia se reestruturar politicamente, devido à derrota de 32 em São Paulo e à depressão econômica que se arrastava por vários anos. Aqueles que controlam o governo já não representam de modo direto os grupos sociais que exerciam sua hegemonia sobre alguns setores básicos da economia e sociedade, estabelecendo, desta forma, o que Fausto declara como um Estado de Compromisso. Este é especificado da melhor forma possível pela idéia anteriormente citada, em que a ausência de predomínio entre uma classe e outra gera uma situação em que o Estado se torna o intermediador destas. A margem do compromisso básico fica a classe operária, pois o estabelecimento de novas relações com a classe não significa qualquer concessão política apreciável[4].
            Como um todo, Boris Fausto demonstra que a Revolução de 30 foi o ápice da decadência e fim da hegemonia cafeeira, mas sem a sua substituição por uma suposta classe média ou industrial. O que fica claro é que o fim da elite agrária possui seus enlaces na própria forma de inserção do Brasil no sistema capitalista internacional[5]. O que se observa é uma complementaridade entre os dois setores, mesmo que com suas respectivas diferenças. Com o vazio que se abre no poder, devido à falta de coesão das classes médias, sua baixa representatividade e aliado à decadência da hegemonia cafeeira, o que se observa é a fundamentação deste Estado de Compromisso. Como encerra o autor, A mudança das relações entre o poder estatal e a classe operária é a condição do populismo; a perda do comando político pelo centro dominante, associada à nova forma de Estado, possibilita, a longo prazo, o desenvolvimento industrial, no marco do compromisso como sustentáculo de um Estado que ganha a maior autonomia, em relação ao conjunto da sociedade.

            Trata-se de uma obra que mudou a forma de ver as transformações políticas surgidas no Brasil dos anos 30, e que nunca perde sua atualidade exatamente por propor um modelo de interpretação diferente sobre tal fenômeno complexo. É em A Revolução de 1930 que o peso dos diversos setores sociais será medido pela primeira vez na formação de um novo sistema de governo, originando um Estado que, diferentemente da República Velha, vai buscar sua legitimidade nas classe médias e populares ainda em formação, e não nas oligárquicas. E esta é a grande descoberta de Boris Fausto em seu pequeno mas importante livro para o entendimento do Brasil contemporâneo e suas estruturas.


[1] Fausto, Boris. A Revolução de 30. São Paulo: Brasiliense, 13ª reimpressão, 1995. Pág. 19.
[2] Idem. Pág. 23.
[3]  Idem. Pág. 85.
[4] Idem. Pág. 104.
[5] Idem. Pág. 112.

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